Há pouco tempo, uma amiga minha deu-me a conhecer uma pérola da Música Portuguesa (sim, Música Portuguesa com letra maiúscula), datada de 1979.
Se disser que o nome da canção é “A Pouco e Pouco”, quase nada diz ao comum dos mortais que visitam este blog. Mas se disser que o autor se chama José Cid, isto já refina um pouco a questão…
É verdade… nesta canção, ficamos a saber os gostos gastronómicos de José Cid e o som emanado pela rádio que o autor ouve quando faz a barba! Senão atentem nos versos que se suguem:
“E levantas-me da cama
Depois tiras-me o pijama
Faço a barba
E dá na rádio
O Zé Cid a cantar”
(…)
“Faz-me favas com chouriço
O meu prato favorito
Quando chego para jantar
Quase nem acredito!”
No quinteto supracitado, é notório todo o marketing que gira em torno do “Grande” José Cid. E agora por mim falo: Já imaginaram a quantidade de vezes que eu me iria cortar a fazer a barba se de repente o meu rádio “disparasse” uma música de José Cid na minha direcção??? Eu já prevendo essa situação, uso a barba bem grande!!!
Na quadra seguinte o Sr. Cid (gosto de o tratar assim, tendo em conta que “Ele” é bem mais velho que eu!!!) lança um repto às suas fãs em tom de provocação “Faz-me Favas com chouriço…”. Mais naquela do… “Querem que eu vá jantar com vocês? Então façam-me favas com chouriço, que eu entre as 19h e as 20h lá estarei para encher o bandulho”.
Mais… para mim, esta letra está para o Sr. Cid, tal como o “Autopsicografia” está para Fernando Pessoa. Senão vejamos, com citações da referida letra:
É preguiçoso: “E levantas-me da cama / Depois tiras-me o pijama”
É egocêntrico: “E dá na rádio / O Zé Cid a cantar”
É (deixo ao vosso critério): “Dou um beijo no escrivão / E nem toco a secretária”
É espectador da Floribella: “Vestiste-te de branco / Uma flor nos cabelos”
Enfim…
Havia tanto por dizer em relação a tudo o que rodeia esta pérola da Música Portuguesa, mas deixo isso para uma próxima dissertação.
P.S. – Mas já agora, dêem uma espreitadela aqui
GV
3 Comments:
Parabéns pela "latrina", gosto do sentido de humor que imprimem aos textos (mas isso tu já sabes, não é?).
Este texto está excelente, gosto da análise aturada da poética e psicologia do Artista (com letra grande como ele merece). Devo agradecer-te teres partilhado comigo esse momento áureo da música portuguesa que é o videoclip "Pouco a Pouco" ("favas com chouriço" para os amigos) e só preciso de perguntar uma coisa: a foto era mesmo mesmo necessária? É que isso é poluição visual da mais contaminadora de sempre, quase arma de destruição massiva.
Continuem a escrever!!!
Apesar de todo o meu respeito para com esse mestre da música popular portuguesa, tenho a dizer que a malta (feminina neste caso) conseguia sobreviver muito melhor às vicissitudes da vida sem ter que ver algum tipo de imagens...
O artista é um bom artista, mas não havia necessidade de usar esta fotografia. Há quem veja o vosso blog de manhã...
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